Acidente com a aeronave PR-TLZ em Foz do Iguaçu: análise meteorológica e fatores contribuintes
Em 24 de setembro de 2018, a aeronave Honda HA-420, matrícula PR-TLZ, enfrentou um grave acidente no Aeroporto de Cataratas (SBFI), Foz do Iguaçu, durante o pouso. O voo, proveniente de Curitiba (SBCT), tinha como objetivo transportar passageiros a partir de Foz do Iguaçu. Apesar dos danos substanciais à aeronave, os dois tripulantes e o passageiro saíram ilesos.
Dinâmica do acidente
A aeronave pousou na pista 32, que estava molhada devido à precipitação intensa causada por uma linha de instabilidade atmosférica. Durante a corrida de pouso, um microburst gerou cisalhamento de vento (windshear), resultando em variações rápidas e significativas na intensidade e direção do vento.
Essas condições meteorológicas adversas causaram um aumento súbito de 32 nós na velocidade calibrada da aeronave, reduzindo a aderência dos pneus ao solo e dificultando a frenagem. Além disso, a pista estava com acúmulo de água (>3 mm), o que resultou em aquaplanagem, prejudicando ainda mais a eficiência da desaceleração. A aeronave ultrapassou os limites da pista e caiu em um barranco.
Fatores meteorológicos contribuintes
O relatório técnico destacou os seguintes condições meteorológicas:
Linha de instabilidade atmosférica: Uma frente semi-estacionária gerou cumulonimbus na região Sul do Brasil, incluindo o Paraná, criando condições favoráveis para tempestades severas.
image of 24SEPT2018, at 1630 (UTC).
Microburst: Este fenômeno, associado ao cisalhamento de vento, é caracterizado por uma corrente descendente intensa que se espalha horizontalmente ao atingir o solo. No momento do pouso, a intensidade do vento variou de 4,86 nós para 42,18 nós em menos de um minuto.
Precipitação intensa: A chuva acompanhada de granizo causou acúmulo significativo de água na pista, intensificando a aquaplanagem.
Windshear: Observado durante a corrida de pouso, o cisalhamento de vento alterou a sustentação da aeronave e reduziu a aderência dos pneus ao solo.
Condições rapidamente variáveis: Embora o sistema de alerta de windshear da aeronave estivesse funcional, as mudanças súbitas no clima não geraram avisos a tempo para que a tripulação ajustasse suas ações.
Outros fatores operacionais
Além das condições meteorológicas, contribuiu para o acidente a ativação tardia do freio de emergência, que desativou o sistema de antitravamento (anti-skid), dobrando a distância necessária para parada. Também foi constatado que os speedbrakes, um recurso adicional de desaceleração, não foram utilizados durante a corrida de pouso.
Lições aprendidas
Este acidente reforça a importância de considerar a influência de fenômenos meteorológicos, como microbursts e windshear, na aproximação e pouso. Operadores e pilotos devem priorizar o monitoramento de condições meteorológicas dinâmicas, especialmente em áreas próximas a tempestades.
Além disso, a disseminação de estudos sobre o impacto de fenômenos meteorológicos adversos pode melhorar a segurança operacional, garantindo decisões rápidas e adequadas para minimizar os riscos durante pousos em condições extremas.
FONTE: Relatório A-151/CENIPA/2018
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