terça-feira, 30 de março de 2010

Atenção: número de mortes por raios é maior no Carnaval

132 pessoas morrem em média por ano no Brasil devido a raios, um número muito superior ao que era registrado anteriormente. A probabilidade de um homem morrer por um raio é dez vezes maior do que a de uma mulher e a probabilidade de morrer por um raio quando jovem ou adulto é dobro da de uma criança ou idoso.

Tempestade de Raios em Riviera de São Lourenço
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Estes são alguns dos resultados do levantamento de mortes por raios da década entre 2000 e 2009, feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica, ELAT, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE. Estar na zona rural ou na zona urbana também altera as chances de ser ou não atingido por um raio: na zona rural a probabilidade de ser atingido é 10 vezes maior.

O estudo reuniu pela primeira vez informações de diversos órgãos brasileiros como INPE/MCT, Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, Defesa Civil, veículos de imprensa e ainda dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“132 mortes por raios por ano é um número que está muito acima das expectativas que tínhamos, em torno de 100. O que mais impressiona é que 90% destas mortes ocorreram em circunstâncias que poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem mais informações”, comenta o coordenador do ELAT, Osmar Pinto Junior.


Atividades comuns
As 1321 pessoas que morreram atingidas por raios nesta última década têm em comum as atividades que praticavam. 19% das vítimas eram trabalhadores rurais que recolhiam animais ou trabalhavam em plantações com enxadas, pás e facões. A segunda circunstância mais comum foi estar próximo de meios de transportes, juntamente com pessoas que estavam dentro de casa, cada uma correspondendo a 14% do total de casos. A categoria embaixo de árvore ficou em terceiro lugar com 12%, seguida por campo de futebol com 10%.


Dentro de Casa
O estudo revela uma conclusão interessante que, apesar de 85% das mortes terem ocorrido ao ar livre, quando estes dados são divididos em diferentes circunstâncias a porcentagem de mortes para a categoria dentro de casa é muito maior do que o esperado. Este fato mostra que ficar dentro de casa não é tão seguro quanto se pensava. A maioria das vítimas atingidas por raios dentro de casa estava ao telefone ou descalça em casas que possuem chão batido ou ainda próxima de antenas, lâmpadas, geladeiras, janelas e televisões.


Época do ano e Carnaval
Em relação ao período do ano, 77% das mortes da década ocorreram no verão e na primavera, período do ano onde ocorrem cerca de 80% dos raios no Brasil. Somando os dados de toda a década é possível perceber um fato curioso: os cinco dias que tiveram mais mortes foram entre 16 e 20 de fevereiro, com 47 mortes no total. Já o recorde de mortes em um único dia ocorreu em 5 de março de 2003, quando foram registradas 5 mortes.

As vésperas do feriado de carnaval, vale avaliar se este é um período crítico para mortes por raios e a resposta é sim. Na última década, foram registradas 23 mortes por raios durante os 4 dias de carnaval.


Tocantins e Mato Grosso do Sul - os mais perigosos

O estudo também avalia as probabilidades de ser atingido e morrer por um raio em cada estado e região do Brasil, considerando a população e a incidência de raios.

O sudeste foi a região onde mais pessoas morreram (29%), mas a região que apresentou a maior probabilidade de morrer por um raio foi o centro-oeste, com 22 pessoas por milhão.

O Estado de São Paulo teve o maior número de mortes na década, 240 (17% do total). Entretanto, como a população paulista é a maior do Brasil, a probabilidade de ser morrer por um raio neste estado é de 6 em um milhão.

A probabilidade mais alta de morrer por uma descarga atmosférica está nos estados de Tocantins (46 em um milhão) e Mato Grosso do Sul (43 em um milhão).

Já em relação aos municípios que lideraram o ranking de mortes da década, Manaus ficou em primeiro lugar com 16 mortes, seguido por São Paulo com 14 mortes, em terceiro lugar ficaram os municípios de Campo Grande e Rio de Janeiro com 8 mortes cada e em quarto Brasília com 7 mortes.



Foto: Intensa tempestade de raios registrada na região da Riviera de São Lourenço, em Bertioga, SP. Segundo o INPE, das1321 pessoas que morreram atingidas por raios entre 2000 e 2009, 19% eram trabalhadores rurais que recolhiam animais ou trabalhavam em plantações com enxadas, pás e facões. Crédito da foto: Albino Amorim.

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Fonte: Apolo11 - http://www.apolo11.com/clima.php?posic=dat_20100209-081533.inc

Onda Kelvin fortalece novamente fenômeno El Niño

O padrão climático conhecido como El Niño é a maior causa da variabilidade climática de larga escala observada nos trópicos. Durante os eventos de El Niño, as águas do oceano Pacífico central e oriental se tornam mais quentes que o normal e são mantidas assim por grandes ondas suaves de água morna, chamadas ondas Kelvin, que se propagam da Indonésia em direção à América do Sul.

Onda Kelvin
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A série de globos vista acima mostra a progressão em sentido leste de uma dessas profundas ondas de Kelvin, monitorada entre janeiro e fevereiro de 2010. Os valores apresentam a anomalia da altura do nível do mar, onde as cores avermelhadas indicam locais em que a superfície da água é maior que a média, enquanto os tons azuis mostram elevações inferiores à média.

Níveis maiores que a média indicam a existência de uma camada de água morna mais profunda que o normal, enquanto níveis mais baixos significam camadas mais rasas de água aquecida.

Altura da superfície do mar é uma indicação clara da elevação da temperatura, uma vez que a água expande-se ligeiramente à medida que se aquece e contrai-se quando resfria. Segundo os dados coletados, a elevação na altura do nível do mar no Pacífico central e oriental indica uma anomalia térmica entre1 e 2 graus Celsius na temperatura do oceano.


Evolução
Os gráficos mostram que entre 15 e 30 de janeiro a altura da superfície do mar em todo o Pacífico equatorial central e oriental estava elevada, mas com tendência à normalização ao longo do tempo, sinal de que o El Niño estava se enfraquecendo. Entretanto, no início de fevereiro uma forte anomalia surge no nordeste da Austrália e se propaga em direção leste.


Como surgem as ondas Kelvin
Em condições normais, os ventos predominantes de leste empurram a água do mar aquecida pelo Sol desde a Indonésia até as Américas, formando no Pacífico ocidental um grande reservatório de água aquecida. Durante os eventos de El Niño, os ventos alísios diminuem de intensidade e até mesmo se invertem algumas vezes por mês. Quando isso acontece, um forte pulso de água quente do Pacífico ocidental desliza para trás em direção ao leste.

Esta profunda oscilação marca o início da onda de Kelvin que se espalha em sentido leste pelo Pacífico central. Essa mudança perturba não só as correntes de superfície, mas também a circulação do oceano profundo com influência direta sobre a termoclina, a fronteira entre as águas mais quentes da superfície do mar e as águas frias em níveis mais profundos.

Um evento similar e mais fraco teve início em junho de 2009 e disparou o fenômeno El Niño ativo até agora e revigorado ainda mais pela atual onda Kelvin.

Saiba mais sobre o El Niño


Arte: Série de observações coletadas pelo satélite Jason-2 mostra a evolução de uma onda Kelvin se propagando desde o nordeste da Austrália até a costa da América do Sul, fortalecendo novamente o atual evento de El Nino, iniciado em julho de 2009. Crédito: Nasa/Modis.

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Brasil participa de Programa Global sobre Medidas de Precipitação

O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) começou a desenvolver um estudo específico sobre a formação das nuvens quentes, àquelas onde não há presença de gelo. Através deste trabalho, o Brasil passou a participar do Programa Internacional de Medidas de Precipitação, ou Global Precipitation Measurement (GPM ), desenvolvido pelas agências espaciais americana e japonesa, a Nasa e a Jaxa. O GPM é aberto a qualquer participação internacional por meio de agências espaciais e meteorológicas.

Radar de Chuva
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Os trabalhos do INPE estão sendo realizados no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão e conta com a colaboração da Agência Espacial Brasileira (AEB). Os dados obtidos vão ser utilizados no aperfeiçoamento dos modelos de precipitação e também incorporados ao GPM.

A importância do Programa é global. A chuva, ao lado, dos ventos e da temperatura são fatores determinantes nas condições climáticas da Terra. A água, vital para a manutenção da vida no planeta, é motivo de preocupação sob vários aspectos. A falta de disponibilidade das fontes de água potável no futuro e a qualidade dessa água para o meio ambiente é preocupante. Por outro lado, a mesma água em excesso pode paralisar economia regionais.

Na atmosfera a condensação do vapor d’água em chuva e em alguns casos em gelo, elimina grande quantidade de calor, importante para o equilíbrio do planeta redistribuindo a água e a energia no globo terrestre. Para os estudiosos do assunto, conhecer o ciclo hidrológico da Terra é essencial para entender e prever o nosso clima e as condições do tempo.

O GPM-BR, o Núcleo Brasileiro do Programa Internacional de Medidas de Precipitação, deve seguir cinco frentes: validação e modelagem, disponibilização de dados, pesquisas, desenvolvimento de sensores e divulgação. Todas as ações serão executadas por meio de projetos específicos.


Foto: O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está participando do Programa Internacional de Medidas de Precipitação (Global Precipitation Measurement) da Nasa e da Jaxa. O programa conta com a participação de países como o Brasil para estudar o ciclo hidrológico da Terra. Fonte: Agência Espacial Brasileira.

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