sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Congelamento de Aeronaves em Voo: Condições, Riscos e Dicas de Segurança


Descubra como o congelamento em voo afeta aeronaves, as condições meteorológicas que o causam, seus riscos e as melhores práticas para segurança. Saiba como a meteorologia aeronáutica é essencial na aviação!



Em 8 de agosto de 2017, a aeronave Piper PA-46-350P, matrícula HB-PPH, decolou de Zurique, Suíça, com destino a Hamburgo, Alemanha, em voo sob Regras de Voo por Instrumentos (IFR). Durante a subida, a aeronave encontrou condições adversas de gelo e turbulência, perdendo o controle. O acidente resultou na destruição da aeronave no Lago Constança e na morte do piloto e do passageiro.



Fatores Contribuintes

  • Meteorológicos:

    • A aeronave sobrevoou uma linha de chuvas com cumulus e cumulonimbus, enfrentando forte turbulência e formação de gelo moderada a severa entre os níveis de voo FL120 e FL155.
 Radar de precipitação (precipitação colorida) na área da rota de voo Zurique-Lago de Constança (linha preta) às 09:35 UTC

    • O limite de zero grau situava-se entre FL110 e FL120, com presença de água líquida super-resfriada nas nuvens, propícia à formação rápida de gelo nas superfícies da aeronave.
 Radar de precipitação (precipitação colorida) na área da rota de voo do Lago Constança de Zurique (linha preta) às 09:50 UTC

    • Ventos de até 45 nós acima de FL180 contribuíram para as condições de instabilidade.
  • Operacionais:

    • Apesar de equipada para condições de gelo, não foi possível confirmar se o sistema anti-gelo foi ativado de maneira eficiente.
    • A escolha da rota expôs a aeronave a condições severas, além do provável uso ineficaz dos procedimentos de voo em gelo.

 Trecho do vídeo, aeronave mergulhando imediatamente antes de atingir a superfície da água


Dinâmica do Acidente

A perda de controle iniciou-se durante a subida em meio a condições severas de gelo e turbulência, resultando na quebra estrutural da aeronave ainda no ar. 

 Trajetória de voo no período de 11h50 às 11h53 UTC

A análise indicou que o piloto enfrentou elevado nível de estresse devido às condições adversas e que a resposta à emergência foi insuficiente para evitar o desfecho.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Acidente PR-TLZ em Foz do Iguaçu: Impacto de Microburst, Windshear e Aquaplanagem na Aviação

 

Acidente com a aeronave PR-TLZ em Foz do Iguaçu: análise meteorológica e fatores contribuintes

Em 24 de setembro de 2018, a aeronave Honda HA-420, matrícula PR-TLZ, enfrentou um grave acidente no Aeroporto de Cataratas (SBFI), Foz do Iguaçu, durante o pouso. O voo, proveniente de Curitiba (SBCT), tinha como objetivo transportar passageiros a partir de Foz do Iguaçu. Apesar dos danos substanciais à aeronave, os dois tripulantes e o passageiro saíram ilesos.




Dinâmica do acidente

A aeronave pousou na pista 32, que estava molhada devido à precipitação intensa causada por uma linha de instabilidade atmosférica. Durante a corrida de pouso, um microburst gerou cisalhamento de vento (windshear), resultando em variações rápidas e significativas na intensidade e direção do vento.

Essas condições meteorológicas adversas causaram um aumento súbito de 32 nós na velocidade calibrada da aeronave, reduzindo a aderência dos pneus ao solo e dificultando a frenagem. Além disso, a pista estava com acúmulo de água (>3 mm), o que resultou em aquaplanagem, prejudicando ainda mais a eficiência da desaceleração. A aeronave ultrapassou os limites da pista e caiu em um barranco.




Fatores meteorológicos contribuintes

O relatório técnico destacou os seguintes condições meteorológicas:



Linha de instabilidade atmosférica: Uma frente semi-estacionária gerou cumulonimbus na região Sul do Brasil, incluindo o Paraná, criando condições favoráveis para tempestades severas.



 image of 24SEPT2018, at 1630 (UTC).


Microburst: Este fenômeno, associado ao cisalhamento de vento, é caracterizado por uma corrente descendente intensa que se espalha horizontalmente ao atingir o solo. No momento do pouso, a intensidade do vento variou de 4,86 nós para 42,18 nós em menos de um minuto.

Precipitação intensa: A chuva acompanhada de granizo causou acúmulo significativo de água na pista, intensificando a aquaplanagem.

Windshear: Observado durante a corrida de pouso, o cisalhamento de vento alterou a sustentação da aeronave e reduziu a aderência dos pneus ao solo.

Condições rapidamente variáveis: Embora o sistema de alerta de windshear da aeronave estivesse funcional, as mudanças súbitas no clima não geraram avisos a tempo para que a tripulação ajustasse suas ações.

Outros fatores operacionais

Além das condições meteorológicas, contribuiu para o acidente a ativação tardia do freio de emergência, que desativou o sistema de antitravamento (anti-skid), dobrando a distância necessária para parada. Também foi constatado que os speedbrakes, um recurso adicional de desaceleração, não foram utilizados durante a corrida de pouso.



Lições aprendidas

Este acidente reforça a importância de considerar a influência de fenômenos meteorológicos, como microbursts e windshear, na aproximação e pouso. Operadores e pilotos devem priorizar o monitoramento de condições meteorológicas dinâmicas, especialmente em áreas próximas a tempestades.

Além disso, a disseminação de estudos sobre o impacto de fenômenos meteorológicos adversos pode melhorar a segurança operacional, garantindo decisões rápidas e adequadas para minimizar os riscos durante pousos em condições extremas.

FONTE: Relatório A-151/CENIPA/2018



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